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supergonorreiaPor Isabella Campelo

Matéria escrita na disciplina de extensão de integração acadêmica do Curso de Bacharelado em Ciências Biológicas: Microbiologia e Imunologia.

Neisseria gonorrhoeae é o agente etiológico da gonorreia, uma infecção sexualmente transmissível. Segundo o último relatório da Organização Mundial da Saúde, a gonorreia é a segunda IST mais frequente no mundo, com cerca de 106 milhões de novos casos anualmente, sendo assim considerado um grande problema de saúde pública.
A única forma de tratar a gonorreia é através da terapia antimicrobiana. N. gonorrhoeae possui uma grande plasticidade genética. Por isso, nos últimos 80 anos, diferentes classes de antimicrobianos têm sido utilizadas no tratamento, e para todas essas classes o microrganismo desenvolveu diferentes mecanismos de resistência.
A fim de retardar o surgimento de novos mecanismos de resistência, passou-se a utilizar como estratégia a terapia combinada. Em diferentes partes do mundo, o tratamento é feito com azitromicina combinada com ceftriaxona ou ciprofloxacina, no caso do Brasil, ou em dose única em caso de alergia a cefalosporinas (grupo de antimicrobianos que é utilizado no tratamento de infecções bacterianas).
O atual desafio para comunidade científica é a alta eficiência do microrganismo em adquirir novos mecanismos de resistência e a ausência de uma nova perspectiva de tratamento, já que esta combinação de antimicrobiano é a ultima disponível para o tratamento da doença. Além disso, no ano de 2016, casos de N. gonorrhoeae resistente a múltiplos antimicrobianos foram detectados e notificados na Inglaterra, segundo a Associação Britânica de Saúde Sexual e HIV. Apenas 34 casos foram oficialmente confirmados por testes laboratoriais, mas isso pode ser somente a ponta do iceberg já que essa é uma infecção que pode acontecer de forma assintomática.
No Brasil há poucos dados disponíveis que demonstram o número de novos casos e a resistência deste microrganismo. Sabe-se, porém, que a terapia combinada de ciprofloxacina e azitromicina não deve ser utilizada nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais, devido à alta porcentagem de resistência a ciprofloxacina. O que não fica claro é se nos outros estados do país não há cepas circulantes resistentes a ciprofloxacina ou se, simplesmente, não há estudos que demostrem isto.
As autoridades mundiais estão encorajando as pessoas a praticarem sexo seguro, com o uso de preservativos com novos parceiros ou casuais, para minimizar o risco de transmissão. Se a doença não for tratada, pode resultar em diversas complicações e, em casos raros, pode levar a infertilidade ou septicemia. A Associação Britânica de Saúde Sexual e HIV emitiu um alerta para médicos para que haja acompanhamento dos parceiros sexuais dos casos de alto nível de gonorreia resistente a drogas.
Apesar de toda campanha das agências governamentais de saúde para conscientização da população sobre a importância da prática de sexo seguro, o esperado sucesso não tem sido alcançado e a tendência é, no final das contas, não termos mais nenhuma droga para tratamento da gonorreia.

Referências:
• CDC, 2015
• Ministério da Saúde, 2015
• WHO. Global incidence and prevalence of selected curable sexually transmitted infections – 2008. World Health Organization, 2012.
• GOIRE, N.; LAHRA, M. M.; CHEN, M.; DONAVAM, B.; FOIRLEY, C. K.; GUY, R.; KALDOR, J.; REGAN, D.; WARD, J.; NISSEN, M. D.; SLOOTS, T. P. & WHILEY, D. M. Molecular approaches to enhance surveillance of gonococcal antimicrobial resistance. Nat Rev Microbiol. 12, 223-229, 2014.
https://www.theguardian.com/society/2016/apr/17/gonorrhoea-will-spread-across-uk-doctors-fear
http://www.medicaldaily.com/antibiotic-resistance-superbugs-gonorrhea-treatment-383072
http://www.telegraph.co.uk/news/2016/04/17/super-gonorrhoea-is-spreading-across-britain-and-will-become-unt/
http://www.bbc.com/news/health-36065314

 

produtossimbioticos 2Por Larissa Cavalcanti

Matéria escrita na disciplina de extensão de integração acadêmica do Curso de Bacharelado em Ciências Biológicas: Microbiologia e Imunologia.

Já é amplamente estabelecido que o intestino, além de outras partes do corpo humano, é habitado por diferentes populações microbianas caracterizando a chamada microbiota intestinal. Os microrganismos que compõem a microbiota intestinal sobrevivem harmonicamente com o ser humano e são importantes para a manutenção e modulação do intestino do hospedeiro.
Os simbióticos são produtos alimentares que combinam probióticos – suplemento alimentar microbiano vivo – e prebióticos – componentes alimentares não digeríveis –, atuando sobre a microbiota intestinal para beneficiar a saúde do indivíduo. Como exemplos de simbióticos temos: iogurtes, bebidas lácteas fermentadas, suplementos alimentares, fármacos, sucos de frutas e legumes fermentados.
Simbióticos contém microrganismos, como algumas espécies bacterianas dos gêneros Lactobacillus e Bifidobacterium e leveduras, como Saccharomyces boulardii, combinados a carboidratos, como inulina e fruto-oligossacarídeos. Essa combinação resulta em efeitos importantes para o equilíbrio e bom funcionamento do intestino, capazes de estimular seletivamente a proliferação e/ou atividade microbiana no local. Isso coopera para uma colonização da microbiota intestinal por microrganismos benéficos, diminuindo riscos de infecções por patógenos o que pode causar doenças. Esses produtos também ajudam a melhorar a absorção de nutrientes pelo intestino, aumentam produção de vitaminas e enzimas digestivas, diminuem quantidade de colesterol no sangue, contribuem para a ação sistema imunológico, podem ser utilizados no tratamento de diarreias e até prevenir câncer de cólon.
Dessa maneira, esses produtos simbióticos que são acessíveis e, muitas vezes, presentes no dia a dia das pessoas podem ser grandes aliados contra distúrbios, não apenas intestinais, favorecendo expressivamente a saúde e o bem-estar diário de cada um.

Referências bibliográficas: 
OLIVEIRA, Larissa de. Probióticos, prebióticos e simbióticos: definição, benefícios e aplicabilidade industrial. Serviço Brasileiro de Respostas Técnicas, Minas Gerais, 2014.

Probióticos, Prebióticos e Simbióticos. Revista Funcionais e Nutracêuticos, São Paulo, n°. 2, p. 55-62.
Dermus. Disponível em: <http://www.dermus.com.br/noticias/naturais/alimentos-probioticos-prebioticos-e-simbioticos/>, 2015.
VIEIRA, Vanessa. Disponível em: < http://vsvnutri.blogspot.com.br/2012/09/alimentos-simbioticos-probioticos.html>, 2012.

tuberculosePor Patrícia Batista Rocha

Matéria escrita na disciplina de extensão de integração acadêmica do Curso de Bacharelado em Ciências Biológicas: Microbiologia e Imunologia

A tuberculose é doença muito prevalente e com altas taxas de incidência no Brasil. Seu agente etiológico é o Mycobacterium tuberculosis, uma bactéria em formato de bacilo, de difícil eliminação devido a sua parede celular ser composta por ácidos micólicos. Estes ácidos graxos de cadeia longa formam uma barreira que dificulta a penetração e atuação de medicamentos para combater a infecção.

Esse microrganismo atinge principalmente os pulmões, onde são interiorizados por macrófagos, mas devido aos fatores de virulência do proprio microrganismo, essas células de defesa não conseguem eliminá-lo. Esse quadro vai gerar a formação de granulomas, numa tentativa de contenção do microrganismo naquele local. Pode afetar também gânglios, rins, ossos e meninges.

Os sintomas da tuberculose pulmonar são tosse com catarro por mais de 3 semanas, febre, sudorese noturna, e emagrecimento. Como é uma doença imunopatológica, as pessoas mais vulneráveis a ter tuberculose de uma forma mais grave são aquelas que apresentam alguma imunodeficiência ou são imunocomprometidas, como é o caso das pessoas com AIDS, que tem redução de células de defesa chamadas linfócitos T CD4, o que deixa o organismo mais exposto e suscetível a infecções. Logo, crianças soropositivas ou com sinais de AIDS não podem tomar a vacina BCG, que é a principal forma de prevenção da doença.

O tratamento para tuberculose é baseado em 2 fases: a fase intensiva, onde são  utilizadas os antibióticos isoniazida, rifampicina, pirazinamida e etambutol, por 2 meses; e a fase de manutenção (subsequente aos 2 meses da fase intensiva) que consiste no uso de rifampicina e isoniazida.

A tuberculose é uma doença que tem distribuição mundial.  A OMS (Organização Mundial da Saúde) declarou a TB (tuberculose) em estado de emergência.  1/3 da população  esta infectada pelo M. tuberculosis, o que corresponde a cerca de 2 bilhões de pessoas. Deste total, 8 milhões evoluem para a doença e 2 milhões podem vir a óbito a cada ano. Atualmente, o Brasil ocupa o 17º lugar entre os 22 países que  somados são responsáveis  por 80% do total de casos da doenca. Em 2013, foram registrados 73692 casos novos de tuberculose, sendo 503 casos de TB multi- resistentes a drogas. Nesse mesmo ano, o Brasil teve 4557 óbitos por tuberculose, o que equivale a 2,3 óbitos/100 mil habitantes, sendo o risco 3 vezes maior em homens do que em mulheres.

Um dos fatores que contribuem para a situação do Brasil é a reinfecção por conta do abandono de tratamento: ao final dos 2 meses da fase intensiva, o paciente sente uma melhora e não dá continuidade ao tratamento, o que leva ao surgimento de cepas resistentes a antibióticos. Casos hospitalares e carcerários também contribuem para o aumento da resistência aos medicamentos, o que nos leva a pensar em outro fator contribuinte: a aglomeração de pessoas nos centros urbanos e comunidades carentes (condição sanitária precária e moradias próximas), que facilitam a transmissão do patógeno que se dá por aerossóis, contato com pessoas contaminadas. Essa é uma realidade muito bem retratada em cidades do Sudeste brasileiro, como Rio de Janeiro.

Para reduzir o número de casos e óbitos por tuberculose no Brasil, foram estabelecidas algumas medidas:

  • Foi criado o Programa Nacional de Controle, que visa a integração do controle de TB com a atenção básica, garantindo a efetiva ampliação do acesso ao diagnóstico e tratamento;
  • Foi elaborado Plano Estratégico para o Controle da Tuberculose, Brasil 2007-2015
  • Foi elaborado em 2011, pelo Ministério da Saúde, o Manual de Recomendações Para o Controle de Tuberculose no Brasil;
  • Em 2012, criou-se o Grupo de Trabalho de Tuberculose no âmbito do MERCOSUL (GT-TB/MERCOSUL), que identifica e analisa pontos como exames laboratoriais, vigilância epidemiológica, identificação sintomática, entre outros.

Então, embora as taxas de incidência e de mortalidade por tuberculose no Brasil ainda sejam altas, elas têm tido um queda de modo gradual nos últimos anos, devido ao impacto causado por todas essas estratégias e medidas adotadas.

 

Referências:

http://revista.hupe.uerj.br/detalhe_artigo.asp?id=229

http://revista.hupe.uerj.br/detalhe_artigo.asp?id=230

http://www.cve.saude.sp.gov.br/htm/tb/mat_tec/tb09_nt_adulto_adol.pdf

http://www.saude.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=939

http://portalsaude.saude.gov.br/images/pdf/2015/outubro/07/tuberculose-mercosul-6out15-web.pdf

http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/o-ministerio/principal/secretarias/svs/tuberculose

http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/ProgramaTB.pdf

http://www.cve.saude.sp.gov.br/htm/TB/mat_tec/manuais/MS11_Manual_Recom.pdf

http://www.paho.org/bra/index.php?option=com_docman&task=doc_view&gid=927&Itemid=423

http://www.scielo.br/pdf/rsp/v44n1/22.pdf

http://www.uff.br/labac/Micobacterias_Vet.pdf

http://www.ibb.unesp.br/Home/Departamentos/MicrobiologiaeImunologia/aula_mycobacterium.pdf

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