Por Patrícia Batista Rocha
Matéria escrita na disciplina de extensão de integração acadêmica do Curso de Bacharelado em Ciências Biológicas: Microbiologia e Imunologia
A tuberculose é doença muito prevalente e com altas taxas de incidência no Brasil. Seu agente etiológico é o Mycobacterium tuberculosis, uma bactéria em formato de bacilo, de difícil eliminação devido a sua parede celular ser composta por ácidos micólicos. Estes ácidos graxos de cadeia longa formam uma barreira que dificulta a penetração e atuação de medicamentos para combater a infecção.
Esse microrganismo atinge principalmente os pulmões, onde são interiorizados por macrófagos, mas devido aos fatores de virulência do proprio microrganismo, essas células de defesa não conseguem eliminá-lo. Esse quadro vai gerar a formação de granulomas, numa tentativa de contenção do microrganismo naquele local. Pode afetar também gânglios, rins, ossos e meninges.
Os sintomas da tuberculose pulmonar são tosse com catarro por mais de 3 semanas, febre, sudorese noturna, e emagrecimento. Como é uma doença imunopatológica, as pessoas mais vulneráveis a ter tuberculose de uma forma mais grave são aquelas que apresentam alguma imunodeficiência ou são imunocomprometidas, como é o caso das pessoas com AIDS, que tem redução de células de defesa chamadas linfócitos T CD4, o que deixa o organismo mais exposto e suscetível a infecções. Logo, crianças soropositivas ou com sinais de AIDS não podem tomar a vacina BCG, que é a principal forma de prevenção da doença.
O tratamento para tuberculose é baseado em 2 fases: a fase intensiva, onde são utilizadas os antibióticos isoniazida, rifampicina, pirazinamida e etambutol, por 2 meses; e a fase de manutenção (subsequente aos 2 meses da fase intensiva) que consiste no uso de rifampicina e isoniazida.
A tuberculose é uma doença que tem distribuição mundial. A OMS (Organização Mundial da Saúde) declarou a TB (tuberculose) em estado de emergência. 1/3 da população esta infectada pelo M. tuberculosis, o que corresponde a cerca de 2 bilhões de pessoas. Deste total, 8 milhões evoluem para a doença e 2 milhões podem vir a óbito a cada ano. Atualmente, o Brasil ocupa o 17º lugar entre os 22 países que somados são responsáveis por 80% do total de casos da doenca. Em 2013, foram registrados 73692 casos novos de tuberculose, sendo 503 casos de TB multi- resistentes a drogas. Nesse mesmo ano, o Brasil teve 4557 óbitos por tuberculose, o que equivale a 2,3 óbitos/100 mil habitantes, sendo o risco 3 vezes maior em homens do que em mulheres.
Um dos fatores que contribuem para a situação do Brasil é a reinfecção por conta do abandono de tratamento: ao final dos 2 meses da fase intensiva, o paciente sente uma melhora e não dá continuidade ao tratamento, o que leva ao surgimento de cepas resistentes a antibióticos. Casos hospitalares e carcerários também contribuem para o aumento da resistência aos medicamentos, o que nos leva a pensar em outro fator contribuinte: a aglomeração de pessoas nos centros urbanos e comunidades carentes (condição sanitária precária e moradias próximas), que facilitam a transmissão do patógeno que se dá por aerossóis, contato com pessoas contaminadas. Essa é uma realidade muito bem retratada em cidades do Sudeste brasileiro, como Rio de Janeiro.
Para reduzir o número de casos e óbitos por tuberculose no Brasil, foram estabelecidas algumas medidas:
- Foi criado o Programa Nacional de Controle, que visa a integração do controle de TB com a atenção básica, garantindo a efetiva ampliação do acesso ao diagnóstico e tratamento;
- Foi elaborado Plano Estratégico para o Controle da Tuberculose, Brasil 2007-2015
- Foi elaborado em 2011, pelo Ministério da Saúde, o Manual de Recomendações Para o Controle de Tuberculose no Brasil;
- Em 2012, criou-se o Grupo de Trabalho de Tuberculose no âmbito do MERCOSUL (GT-TB/MERCOSUL), que identifica e analisa pontos como exames laboratoriais, vigilância epidemiológica, identificação sintomática, entre outros.
Então, embora as taxas de incidência e de mortalidade por tuberculose no Brasil ainda sejam altas, elas têm tido um queda de modo gradual nos últimos anos, devido ao impacto causado por todas essas estratégias e medidas adotadas.
Referências:
http://revista.hupe.uerj.br/detalhe_artigo.asp?id=229
http://revista.hupe.uerj.br/detalhe_artigo.asp?id=230
http://www.cve.saude.sp.gov.br/htm/tb/mat_tec/tb09_nt_adulto_adol.pdf
http://www.saude.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=939
http://portalsaude.saude.gov.br/images/pdf/2015/outubro/07/tuberculose-mercosul-6out15-web.pdf
http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/o-ministerio/principal/secretarias/svs/tuberculose
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/ProgramaTB.pdf
http://www.cve.saude.sp.gov.br/htm/TB/mat_tec/manuais/MS11_Manual_Recom.pdf
http://www.paho.org/bra/index.php?option=com_docman&task=doc_view&gid=927&Itemid=423
http://www.scielo.br/pdf/rsp/v44n1/22.pdf
http://www.uff.br/labac/Micobacterias_Vet.pdf
http://www.ibb.unesp.br/Home/Departamentos/MicrobiologiaeImunologia/aula_mycobacterium.pdf