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Por Maulori C. Cabral

A história do ensino da Microbiologia se iniciou em 1946, na Universidade do Brasil*. O idealizador e criador do Instituto de Microbiologia foi o professor Paulo de Góes, cujo nome foi adicionado ao nome da Instituição como uma homenagem pelo reconhecimento de todo o seu trabalho e empenho dentro da Microbiologia.

Paulo de Góes era médico por formação, mas por vocação, era um microbiologista. Ao entrar como professor catedrático da Microbiologia na Escola de Enfermagem, Anna Nery iniciou seu trabalho com reconhecida liderança na formação dos microbiologistas do país. Após outros concursos, o Prof. Paulo de Góes ocupou também as cátedras de Microbiologia das faculdades de Farmácia e de Medicina. Para atender as três instituições com seus encargos que incluíam as aulas, alunos, atendimentos aos professores e organização geral, se empenhou em reunir as três equipes em um só local.

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Esse local foi encontrado em 1950, era o prédio que antes abrigava os pacientes do Hospital psiquiátrico (Pinel) na Urca. Após pequenos reparos, passou a ser chamado de Pavilhão da Microbiologia. Foi ali que os alunos das três faculdades passaram a assistir as aulas teóricas e práticas de Microbiologia. Sob a coordenação do Prof. Paulo de Góes, a Microbiologia cresceu. O sucesso do ensino e da pesquisa efetuados no pavilhão chamou a atenção de outros professores e pesquisadores e logo a equipe da cátedra de Microbiologia da Faculdade de Odontologia veio se reunir ao grupo crescente.

No início de 1951, visando à profissionalização nacional da Microbiologia, foi oferecido para os graduados que atuavam no âmbito das Ciências microbiológicas, o primeiro Curso de Atualização e Revisão em Métodos de Microbiologia e Imunologia (CARMMI), curso este que foi mantido até 1992.

O trabalho administrativo envolvendo as quatro cátedras precisava acomodar múltiplos interesses, tanto de natureza docente quanto discente. A solução encontrada foi dar à organização do pavilhão a conotação de unidade acadêmica autônoma, entretanto, este processo precisava de um regimento e de sua aprovação no Conselho Universitário. Para isso, o Prof. Paulo de Góes tirou umas férias e foi para Petrópolis, com a sua esposa, Dona Risoleta de Góes. Com o incentivo e colaboração de Dona Risoleta, que era exímia datilógrafa, foi elaborado todo o regimento da unidade nascente que passou a ser chamada de Instituto de Microbiologia. Em função dos quatro grupos reunidos, com diferentes graduações, surgiram as cátedras de Microbiologia Geral, Microbiologia Médica, Imunologia e Virologia. Nesse período, Paulo de Góes passou a se dedicar à Virologia, mas sempre pensando no crescimento da unidade como um todo. Com financiamento das fundações americanas Rockefeller, Kellog’s e Ford, os trabalhos de pesquisa no IM ganharam nova conotação, grande parte em razão da liderança do Prof. Paulo de Góes que fazia parte da Organização Mundial da Saúde, da Organização Pan-Americana de Saúde e de várias outras organizações internacionais. No Brasil, era membro da Academia de Medicina e de Ciências.

Com o objetivo de melhorar o ensino de Microbiologia no País, foi criada, em 1953, a pós-graduação lato-sensu, com o Curso de Especialização em Microbiologia e Imunologia (CEMI), que tinha duração de 10 meses, para atender à capacitação de professores universitários dessas áreas. Os critérios de seleção eram rigorosos e de alta qualidade. Primeiro, os candidatos tinham que cursar e serem aprovados no CARMMI. Vinham estudar no Instituto alunos e professores de outros estados e de países da América Latina. O curso exigia grande esforço dos alunos para acompanhar os trabalhos teóricos e práticos, que passavam por provas eliminatórias semanais e práticas que incluíam desde a lavagem e processamento correto de materiais até técnicas mais elaboradas. Várias gerações de excelentes microbiologistas se formaram nesse curso. Os alunos retornavam às suas universidades de origem incrementando os programas existentes ou fundavam novos cursos de Microbiologia criando pólos de formação profissional, de ensino e de pesquisa, em Microbiologia.

Em 1963 o IM iniciou o ensino de Pós-graduação stricto-sensu, sendo a primeira instituição a conceder um título de Doutor no País.

Neste período entra para o programa do Instituto Luis Rodolpho Raja Gabaglia Travassos, pesquisador que consolidou a pesquisa no Departamento de Microbiologia Geral, trazendo novos conceitos e contribuindo para o crescimento e reconhecimento das pesquisas no Instituto.

De 1950 até 1982, quando faleceu, o Prof. Paulo de Góes dedicou sua vida em prol do Instituto e da Microbiologia em todos os seus aspectos científicos, dando oportunidade para que jovens profissionais fossem agregados à grande família de microbiologistas brasileiros. Paulo de Góes começou jovem, com plena vitalidade e envelheceu à medida que o IM evoluía.

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Em 1994, O Instituto de Microbiologia criou o primeiro curso de graduação para formação de Bacharéis em Microbiologia e Imunologia do País. Para atender a regras do mercado de trabalho, em 2006, o curso alterou seu escopo de abrangência e passou a formar Bacharéis em Biologia, na modalidade Microbiologia e Imunologia, sem, contudo, modificar sua grade curricular, providência esta que o colegiado do IMPG resolveu adequar, no ano de 2011.

Em 1995, a direção da instituição, em concordância com todo o corpo docente, discente e de funcionários, resolveu homenagear a figura do Prof. Paulo, alterando o nome da instituição para Instituto de Microbiologia Paulo de Góes.

Atualmente, o IMPG é uma instituição consolidada, com destaque nas áreas de ensino, de pesquisa e de extensão, no âmbito da Microbiologia

*A universidade do Brasil em 1965 passou a ser denominada Universidade Federal do Rio de Janeiro e, desde o ano 2000, recebeu o direito de ser designada por ambos os nomes.

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