Laura Maria Andrade de Oliveira & Natália Silva Costa – Pós-doutorandas do PPG-MICRO
Tatiana de Castro Abreu Pinto – Pesquisadora Permanente do PPG-MICRO
A pandemia de COVID-19 tem impactado toda a humanidade, causando milhões de mortes desde seu início em 2020. Contudo, existem outras doenças infecciosas graves, como a meningite, que não podem ser negligenciadas diante da situação atual da saúde pública global e devem continuar sendo combatidas. O Dia Mundial da Meningite, que ocorre todo dia 24 de abril, tem em 2021 a função principal de relembrar a importância da meningite como doença infecciosa. A meningite atinge principalmente crianças com até 5 anos de idade e populações de países pobres, mas surtos ocorrem em todo o mundo todos os anos. A Organização Mundial da Saúde (OMS) lançou oficialmente em 2021 um plano que visa reduzir drasticamente o número de casos e mortes por meningite bacteriana até 2030, e tem como alvo os principais agentes de meningite bacteriana, incluindo Neisseria meningitidis (meningococo), Streptococcus pneumoniae (pneumococo), Haemophilus influenzae e Streptococcus agalactiae (Streptococcus do Grupo B), os quais juntos são responsáveis por mais de 90% dos casos. Para atingir tal objetivo, o plano da OMS se baseia em 5 pilares: prevenção e controle de surtos, diagnóstico e tratamento, vigilância epidemiológica, apoio aos pacientes afetados e desenvolvimento de políticas públicas. A vacinação da população contra meningococo, pneumococo e H. influenzae tem reduzido enormemente os casos de meningite bacteriana no mundo e é uma das principais ações recomendadas pela OMS. No entanto, a emergência de casos de meningite por cepas não contempladas pelas vacinas e por cepas resistentes a antimicrobianos utilizados no tratamento da doença é preocupante. A meningite é transmitida, assim como a COVID-19, por secreções respiratórias, e fatores que permitem o contato mais próximo entre pessoas, como ambientes muito cheios e estações do ano mais frias, podem levar a um aumento do número de casos. Dessa forma, algumas medidas de prevenção e controle da COVID-19, como a higienização das mãos e distanciamento social, contribuem indiretamente também para a prevenção da meningite bacteriana. Por outro lado, a ocorrência de infecções virais respiratórias, como a COVID-19, pode também favorecer o desenvolvimento de infecções bacterianas secundárias, como a meningite. Além disso, o uso generalizado de antibióticos durante a pandemia pode levar ao aumento da ocorrência de cepas bacterianas resistentes, entre as quais estão aquelas que causam meningite. Embora a pandemia de COVID-19 tenha trazido muitos desafios à saúde humana, ela tem nos mostrado que ações globais coordenadas são necessárias e eficazes para o enfrentamento das doenças infecciosas, sejam elas de origem viral ou bacteriana. O Dia Mundial da Meningite em 2021, em meio à pandemia de COVID-19, é um momento de pensarmos adiante, celebrar o lançamento do plano de combate às meningites pela OMS, mas também de refletirmos sobre como as ações humanas do passado repercutem no presente e, portanto, são determinantes para que tenhamos um futuro melhor.