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08 09 Microbiologia Noticia 0004 2ImunizaçãoTatiana de Castro Abreu Pinto – Pesquisador Permanente do PPG-MICRO

  1. Petersen, P. Schlagenhauf, S.S. Lee, L. Blumberg, L. Kramer, C. Obiero, S. Al-Abri, F. Cunha, N. Petrosillo, A. Di Caro, P. Gautret, S. Shafi, A. Abubakar, T.C.A. Pinto, Z. Memish, D.S.C. Hui, A. Zumla, M.P. Grobusch 

Neste editorial da revista “International Journal of Infectious Diseases”, que foi publicado em Junho de 2021, antes do início dos Jogos Olímpicos de Tóquio, o corpo editorial da revista, do qual a professora Tatiana Pinto faz parte, ressaltou a preocupação acerca do papel do evento olímpico na disseminação da pandemia de COVID-19 e que medidas poderiam ser adotadas para mitigar esse efeito. À época, o Japão apresentava aparente controle da pandemia, mas a principal preocupação, contudo, era com o risco potencial de disseminação local e global de SARS-CoV-2 entre atletas, acompanhantes e espectadores durante e após os Jogos Olímpicos. Naoto Ueyama, presidente do Sindicato dos Médicos do Japão, levantou a preocupação de que o Comitê Olímpico Internacional (COI) e o Governo Japonês estivessem subestimado os riscos de permitir 15.000 atletas olímpicos e paraolímpicos de mais de 200 países - bem como cerca de 80.000 oficiais, jornalistas e equipe de suporte – a entrarem no Japão na ocasião. Os Jogos Olímpicos de Tóquio representariam o cenário perfeito para entrada e circulação de todas as variantes de SARS-CoV-2 concebíveis, conhecidas ou não até então, principalmente porque a transmissão fora dos locais de competição seriam inevitáveis, como ocorreu, por exemplo, no Campeonato Mundial de Handebol Masculino realizado no Cairo no final de Janeiro de 2021. Os participantes, acompanhantes, equipe de apoio, espectadores e representantes da mídia nas Olimpíadas de Tóquio correriam o risco de adquirir e importar novas variantes de SARS-CoV-2 e exportá-las ao retornar aos seus países de origem. Além disso, muitos países não exigiam quarentena e testes pós-viagem no retorno de seus cidadãos. Dessa forma, o editorial, publicado 7 semanas antes do início das Olimpíadas, tentou ressaltar a importância de se introduzir a imunização obrigatória e completa de todos os atletas, acompanhantes, equipe de apoio, imprensa e demais visitantes. Isso reduziria o risco de aquisição e transmissão de SARS-CoV-2 e deveria ser complementado com medidas de controle de infecção e quarentena. No entanto, em paralelo, havia também várias questões relacionadas à vacinação que deveriam ser consideradas, tais como o acesso à vacina, a hesitação em relação a ela e a não-recomendação médica. Com a doação de vacinas direcionadas especificamente para as Olimpíadas, a questão de acesso deixou de ser um dos problemas mais graves. No entanto, os Jogos ocorreram sem a aplicação da obrigatoriedade de vacinação, e de 01 de julho até 04 de agosto, pelo menos 320 casos de COVID-19 diretamente relacionados às Olimpíadas já haviam sido notificados. Com o fim dos Jogos, nos resta agora aguardar para que o futuro próximo nos aponte as consequências das Olimpíadas durante a pandemia.

 

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