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Por Vinicius Guimarães Suzart Silva
Matéria escrita na disciplina de extensão de integração acadêmica do Curso de Bacharelado em Ciências Biológicas: Microbiologia e Imunologia.

virus gigantes 2Os pesquisadores Lwoff e Tournier, em meados da década de 1960, criaram o critério discriminativo entre células e vírus. Este critério se baseou em características próprias e singulares da nova forma biológica descrita, isolada pela primeira vez em 1892 pelo cientista Ivanovsky a partir de amostras vegetais afetados pela doença do mosaico do tabaco.

É definido vírus toda estrutura biológica de genoma composto por DNA ou RNA, que não sejam capazes de auto divisão, que não possuam o aparato necessário para tradução de seus próprios RNAs mensageiros e que não sintetizem moléculas de ATP como aporte energético. O tamanho é outra característica associada historicamente aos vírus, pelo fato de essas formas biológicas serem extremamente pequenas, capazes de atravessar poros de filtros esterilizantes de diâmetro 0.2-0.3 µm, e consequentemente, essas estruturas são invisíveis à microscopia óptica. Contudo, essa característica não compõe o critério inicial proposto por Lwoff.

Em 1992, o isolamento de um novo microrganismo intricaram estudiosos no Reino Unido. A fim de investigar a origem de um surto de pneumonia, foram coletadas amostras de água em uma torre de abastecimento da cidade de Bradford. Um microrganismo gram-positivo e visível ao microscópio óptico foi isolado, o que sugeriram ser uma nova espécie de bactéria, a qual passou a ser denominada Bradford coccus.

Mais tarde, em 2003, pesquisas revelaram que a nova “bactéria” possuía um capsídeo icosaédrico (uma característica dos vírus), com 0.5 mm de diâmetro e com um genoma codificando para mais de 1.000 genes. Essa descoberta mostrou que a espécie Bradford coccus, antes relacionada a protista, tem de fato natureza viral 10 anos após ser isolada.

O termo “vírus gigante” passou a ser adotado para denominar vírus facilmente visualizados em microscopia óptica. Após a reclassificação do Bradford coccus por sua identidade viral, novas pesquisas e descobertas foram feitas. Atualmente, há quatro famílias para essa nova categoria de vírus: Mimiviridae, Pithovirus, Mollivirus e Pandoraviridae. Pode-se destacar o fato de que todos os vírus gigantes descritos até o momento infectam espécies de amebas do gênero Acanthamoeba, um dos protozoários mais comuns presentes no solo, ambiente aquático e sistemas de tubulação de água convencionais. A patogenicidade desses vírus ao homem permanece incerta.

No Brasil, duas novas espécies de vírus gigante foram descritas. Um vírus gigante foi isolado em Belo Horizonte e recebeu o nome de Niemeyer, uma homenagem ao famoso arquiteto brasileiro. Isolado a partir de uma amostra de água da Lagoa da Pampulha, o Niemeyer vírus foi classificado como pertencente à família Mimiviridae. Uma espécie nunca antes isolada foi descoberta durante uma expedição científica no norte do país, no estado do Amazonas. Pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais, em parceria com a Universidade de Marseille (França), coletaram amostras de água do Rio Negro, um afluente do Rio Amazonas. Batizado pelos cientistas de Samba, uma homenagem à cultura e identidade brasileira, este vírus possui um capsídeo de diâmetro de 352 nm e fibrilas com 112 nm de comprimento, totalizando um diâmetro completo de 574 nm. O Samba virus é o maior vírus isolado em território brasileiro já descrito até o momento.

Referências:
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DORNAS, F.P.; KHALIL, J.Y.B.; PAGNIER, I.; RAOULT, D.; ABRAHÃO, J.S.; SCOLA, B.L. Isolation of new Brazilian giant viruses from environmental samples using a panel of protozoa. Frontiers in Microbiology 2015, 6:1086.

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CAMPOS, R.K.; BORATTO, P.V.; ASSIS, F.L.; AGUIAR, E.R.G.R.; SILVA, L.C.F.; ALBARNAZ, J.D.; DORNAS, F.P.; TRINDADE, G.S.; FERREIRA, P.P.; MARQUES, J.T.; ROBERT, C.; RAOULT, D.; KROON, E.G.; SCOLA, B.L.; ABRAHÃO, J.S. Samba vírus: a novel mimivirus from a giant rain forest, the Brazilian Amazon. Virology Journal 2014, 11:95.

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