O Professor Marco Antônio Lemos Miguel foi entrevistado pela revista MICRO EM FOCO editada pela Sociedade Brasileira de Microbiologia. O tema da entrevista foi sobre os cuidados que devem ser tomados para evitar a contaminação de produtos à base de proteína animal.
Prof. Marco Antônio Lemos Miguel é docente do Instituto de Microbiologia da UFRJ e coordenador do Laboratório de Microbiologia de Alimentosa
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Por Luana Fafiães¹ e Thamiris Corrêa¹
Curso SENAI engenharia química / Iniciação Científica Lab-BIOINOVAR, Instituo de Microbiologia
No dia 26 de janeiro de 2017, o Laboratório Bioinovar, do instituto de Microbiologia da UFRJ, visitou com alunos do instituto e do SENAI (curso de engenharia química), o sítio onde se cultiva cogumelos LUDOLF, em Duas Barras. Este município se localiza na Região Serrana do Estado do Rio, perto de Friburgo.
Com uma paisagem exuberante, cercada por vales e cachoeiras e dentre seus mais de 11 mil habitantes encontra-se uma produção de um dos cogumelos mais consumidos no país, o Paris ou Champignon, como também é conhecido.
Este cultivo, caracterizado pela qualidade da produção artesanal, atravessou gerações, ao ser passada de pai para filho, sendo um negócio familiar que envolve também moradores locais que trabalham no cultivo. Este comprometimento social transforma a produção dos cogumelos e os trabalhadores envolvidos em uma grande família. Além de observarmos todas as etapas do processo, o proprietário Marcelo e sua esposa Ludmila nos deram uma aula de História contando que sua propriedade no passado foi um grande cafezal, depois passou pela avicultura e nos dias atuais abriga o cultivo de Cogumelos.
A Ludolf utiliza o capim que cresce no próprio terreno para a etapa de compostagem. Nesta compostagem os microrganismos representam um papel essencial, sendo uma parte da compostagem realizada em condições aeróbicas e outra em anaerobiose. Como resultado, tem-se um composto orgânico rico em nutrientes e sem a necessidade do uso de defensivos agrícolas. O CO2 gerado na compostagem é utilizado no cultivo da gramínea, mostrando que a microempresa Ludolf respeita em cada etapa da produção o ambiente.
Os cogumelos Ludolf estão sendo produzidos tanto em conserva quanto in natura. Embora o país esteja passando por um momento delicado financeiramente, isso não representa impedimento para ampliação da produção e transporte até o mercado consumidor, localizado nos arredores da região e em outros municípios do Rio de Janeiro, abastecendo consumidores locais e restaurantes do estado. O objetivo desta visita, além de conhecer a produção em todas as etapas, foi analisar o resíduo gerado que se constitui basicamente pelo talo ou caules dos cogumelos. Este resíduo ainda rico em nutrientes, será fermentado por fermentação submersa por microrganismos do lab. Bionovar para obtenção de peptídeos e os glicoesfingolipídeos serão analisados. Hoje a conceito de sustentabilidade, obrigatoriamente, é necessário passar pelo reaproveitamento de resíduos industriais para a gestão responsável dos mesmos.
No final da visita fomos agraciados com um delicioso lanche preparado pela família e o resíduo produzido 200 quilos/ mês que será utilizado em estudos para ver a viabilidade do reaproveitamento através da fermentação microbiana.
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Cogumelos Paris cultivados em sacos com substrato de compostagem |
Cogumelos colhidos e colocados sob refrigeração |
Resíduo gerado durante a produção |
A proteína Repo-Man que desempenha um papel importante no processo de divisão celular é também capaz de ligar e desligar os nossos genes. A cientista portuguesa Inês Castro é a primeira autora do artigo publicado esta semana na revista Nature Communications que descreve a ação deste novo “ator” genético. A descoberta pode ser importante para investigar situações de anomalia em certos genes associados a doenças como cancro.
Imagens por microscopia mostram o início da divisão celular e a sua fase final com o ADN (a azul) das células filhas já separado.
Imagine um daqueles interruptores que permitem a regulação da intensidade da luz. Neste cenário, a luz seria a proteína estudada nesta investigação. Assim, quando aumentamos a presença de Repo-Man desencadeamos uma série de eventos que reprimem os genes. Por outro lado, se apagarmos a luz os genes ficam ativos. A imagem é trazida pela investigadora Inês Castro que se encontra a trabalhar na Universidade Brunel, em Londres, e assina o artigo que mostra que a Repo-Man, além de importante para a divisão celular, interfere nos nossos genes.
“Não se sabia o que fazia a Repo-Man depois da divisão celular”, a investigação permitiu concluir que esta proteína “tem um papel fundamental em controlar estados de repressão celular”. “A presença da Repo-Man parece atrair uma cadeia de reação associada à repressão de genes – neste caso, temos mais metilação [alteração química] na histona [proteína] H3 (H3K27me)”.
A Repo-Man não é a única proteína identificada com esta capacidade de activar ou desligar genes. É mais um caminho para sabermos como os nossos genes são controlados. “Em situações de alteração de padrão genético, por exemplo, em casos de cancro onde há uma anormalidade de expressão [actividade] genética, podemos começar a tentar investigar quais são os culpados para tal anomalia”, diz a cientista, que antecipa ainda: “Quando um dia soubermos todas as proteínas que trabalham a este nível, podemos verificar num paciente qual ou quais delas poderão ter desencadeado este padrão anormal de expressão genética.” No entanto, avisa, ainda há muito trabalho pela frente.
As investigações que procuram encontrar novas formas de controlo de expressão genética, que vão além da informação contida no nosso ADN, ainda têm um longo caminho a percorrer. Mas as novas tecnologias de sequenciação genética têm ajudado a completar um mapa de proteínas e outros fatores capazes de ligar ou desligar genes. “Não faço ideia se algum dia este mapa estará completo”,
Fonte: PÚBLICO Comunicação Social SA