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23 06 Microbiologia Noticia 3Por Glauber Araujo. Aluno do curso de graduação em Ciências Biológicas Microbiologia e imunologia, 5º período. Matéria escrita na disciplina de extensão de integração acadêmica do Curso de Bacharelado em Ciências Biológicas: Divulgação Científica: para entender melhor o mundo. Creditação da extensão no Instituto de Microbiologia.

Em mais um feito da ciência brasileira, a pesquisadora Carolini Kaid, do Centro de Estudo sobre o Genoma Humano e Células-Tronco (CEGH-CEL, Universidade de São Paulo), observou e demonstrou que o vírus da Zika possui a capacidade de combater tumores que se apresentam no sistema nervoso central.

O Zika Vírus naturalmente tem tropismo pelas células nervosas do cérebro, ou seja, preferência de infectar e se replicar nestas células, que é a principal razão de poder gerar microcefalia em fetos quando infecta mulheres grávidas. Sendo assim, foi testado a capacidade do vírus de depletar a evolução de tumores localizados no cérebro de cães uma vez que estas células transformadas do tumor também seriam alvo do arbovírus. Os cães observados eram Matheus, Pirata e Nina, que foram internados e monitorados tanto pelo crescimento do tumor quanto pela circulação do vírus, ou seja, os pesquisadores queriam avaliar o retrocesso do tumor em função da atividade oncolítica do vírus. Os animais, devido ao crescimento do tumor, estavam com muitas funções motoras e cognitivas debilitadas. Isto ocorre pois o tumor local aumenta a pressão intracranial e causa lesões no sistema nervoso central conforme cresce. Contudo, após a inserção do vírus no líquido cefalorraquidiano (líquor), todos os 3 animais tiveram uma ótima recuperação e aumento da sobrevida, indicando ação positiva do vírus no tumor e diminuição da pressão intracranial. Na análise post-mortem­ dos cães, em Matheus não foi detectada nenhuma célula transformada no sistema nervoso central, o que indica fortemente que é possível que o tratamento tenha levado a uma regressão total do tumor, além de intensa necrose na borda do tumor presente nos outros dois cães. Foi também observada uma possível potencialização do sistema imune nestes tumores devido ao aumento de linfócitos locais, sugerindo que o vírus conseguia induzir uma melhora da resposta imune contra o tumor. O estudo é muito importante por trazer novas perspectivas e possíveis abordagens terapêuticas para a clínica, não apenas no âmbito veterinário, mas também na medicina, uma vez que o vírus pode apresentar o mesmo perfil de replicação em células do sistema nervoso humano. A ideia por detrás do experimento é bastante inteligente e os resultados muito surpreendentes e promissores, o que só demonstra a qualidade dos pesquisadores e eleva ciência brasileira.

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