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29 05 Microbiologia Noticia3

Por Lohane Reis de Oliveira. Aluna do curso de graduação em Ciências Biológicas Microbiologia e imunologia, 7º período. Matéria escrita na disciplina de extensão de integração acadêmica do Curso de Bacharelado em Ciências Biológicas: Projeto de Extensão Ciência com Microbios. Creditação da extensão no Instituto de Microbiologia.

A doença do sarampo, que havia sido erradicada no país em 2016, tem se tornado cada vez mais noticiada pelo aumento significativo em seus números de casos desde 2017, o que levou em 2018 a perda do certificado de erradicação de tal doença no Brasil. O surto de Sarampo no Brasil está intimamente ligado à diminuição da cobertura vacinal que é observada na população do país desde 2017, segundo a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS).

O vírus do sarampo é transmitido por contato direto ou indireto com secreções oriundas do trato respiratório superior de pessoas infectadas, sendo considerado altamente contagioso pela sua fácil transmissão. A infecção por esse vírus pode levar a sintomas como febre, manchas no corpo, coceiras, infecções das conjuntivas e no ouvido, entretanto em casos mais graves pode gerar quadros severos como cegueira, diarreia (podendo levar à morte por desidratação), pneumonia, encefalite e lesões cerebrais. Sendo essas complicações vistas geralmente em grupos como crianças, pessoas mal nutridas e grávidas, podendo neste último caso gerar até parto prematuro e aborto espontâneo.  

A vacinação contra o vírus do sarampo se mostra efetiva na proteção individual e ainda dificulta a capacidade de transmissão viral por diminuir a circulação do mesmo na população. Essa redução da vacinação para o vírus do sarampo (gráfico I) somado a eventos migratórios pode ter propiciado os atuais casos da doença no Brasil, por gerar um aumento da propagação do vírus, por meio de pessoas suscetíveis a doença, ou seja, pessoas que não foram vacinadas e são capazes de transmitir o vírus por meio de contato direto e indireto. Além disso, tais eventos migratórios também permitiram a entrada de genótipos virais não encontrados no Brasil. Segundo o Ministério da saúde, o genótipo viral circulante no Norte do país no surto da doença causado em 2017, é o mesmo circulante na Venezuela.

Gráfico I. Incidência, estratégias de controle e cobertura vacinal contra o Sarampo de 1967 a 2017.

No Brasil, a prevenção contra a doença do Sarampo é feita por meio da vacina tríplice viral ou SRC (sarampo, rubéola e caxumba), que imuniza também contra os vírus causadores da caxumba e da rubéola, sendo recomendado que duas doses da vacina SRC sejam tomadas entre 1 a 29 anos de idade. 

Além disso, a prevenção contra o sarampo é também realizada no calendário vacinal por meio da vacina Tetraviral ou SRCV (sarampo, caxumba, rubéola e varicela) que confere resposta imunológica contra os vírus já citados e também ao vírus causador da Varicela. Segundo dados, a vacinação contra o vírus do sarampo se mostrou efetiva, evitando 22,1 milhões de mortes de 2000 a 2017 no Brasil, o que corresponde a 80% dos casos. Entretanto, a diminuição no número de pessoas vacinadas em território brasileiro, levou ao aumento da transmissão viral e consequentemente de casos, atingindo o número de 10.274 casos confirmados no ano de 2019, até 09 de janeiro.

Entretanto, esse perfil de redução da cobertura vacinal não é observado apenas para o vírus do sarampo. A diminuição da vacinação contra o vírus da poliomielite, por exemplo, vírus que pode causar paralisia infantil, também tem se mostrado um fator preocupante que pode gerar o aumento de casos por levar ao aumento da circulação desse patógeno. Além disso, vacinas para outros agentes patogênicos causadores de doenças, como por exemplo, coqueluche, difteria e tuberculose. Essa conjuntura pode ter sido gerada por diversos fatores, dentre eles pelo aumento de movimento contra a vacinação e também a atual crise que o Sistema Único de Saúde vem enfrentando (SUS). Apesar desse quadro atual, a vacinação é em muitos casos a única forma que se mostra eficiente para a prevenção de diversos microrganismos com alta capacidade patogênica, dessa forma, se mostra cada vez mais necessária a tentativa de aumento da cobertura vacinal como forma de prevenção da população contra o sarampo e diversas outras infeções. 

Referências

Lemos DR, et al. 2017

Folha informativa – Sarampo. OPAS Brasil. fev. 2019. Disponível em: <https://www.paho.org/bra/>. Acesso em: 6 de ago. 2019.

Sobre Sarampo. Secretaria da saúde: Governo do estado de São Paulo. São Paulo. 2019. Disponível em:<http://www.saude.sp.gov.br/resources/cve-centro-de-vigilancia-epidemiologica/>. Acesso em: 6 de ago. 2019.

Ministério da Saúde destaca a importância da vacina tríplice viral. Portal Fiocruz. 10 de out. 2017. Disponível em: <https://portal.fiocruz.br/noticia/ministerio-da-saude-destaca-importancia-da-vacina-triplice-viral> Acesso em: 6 de ago. 2019.

DOMINGUES, C. et al. A evolução do sarampo no Brasil e a situação atual. Inf. Epidemiol. Sus v.6 n.1. Brasília mar. 1997. Disponivel em: <http://scielo.iec.gov.br/> Acesso em: 6 de ago. 2019.

Gráfico - Estratégias de Controle de 1967 a 2017 contra o Sarampo com a Incidência dos casos e Cobertura Vacinal. Disponivél em: <http://www.saude.gov.br/saude-de-a-z/sarampo/situacao-epidemiologica-dados> Acesso em: 6 de ago. 2019.

Goldani, L. Z. Measles outbreak in Brazil, 2018. The Brazilian Journal of Infectious Diseases. Porto alegre. V. 22.  I. 5. set. 2018. p. 359

Meneses, C. et al. Molecular characterisation of the emerging measles virus from Roraima state, Brazil, 2018. Mem Inst Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro. v. 114. mar. 2019.

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