Por Pedro Vaz Monteiro Dias Aluno do curso de graduação em Ciências Biológicas Microbiologia e imunologia, 7º período. Matéria escrita na disciplina de extensão de integração acadêmica do Curso de Bacharelado em Ciências Biológicas: Projeto de Extensão Ciência com Microbios. Creditação da extensão no Instituto de Microbiologia.
Infecções bacterianas são comumente reportadas no mundo todo, sendo a causa de mortes e invalidez em diversos pacientes. Normalmente é receitado um antibiótico para tratar essas infecções, o que é sensato e recomendado, entretanto o uso indiscriminado de antibióticos é uma ameaça global à saúde pública que vem acontecendo em todo o mundo, uma vez que pode ocorrer uma seleção de bactérias resistentes, dando origem a “superbactérias”. A resistência a esses antibióticos acontece por uma seleção natural em um sistema fechado, onde a utilização frequente destes seleciona uma bactéria que contém uma resistência natural ao tratamento. Por isso, a automedicação, a prescrição desnecessária e a interrupção de um tratamento são formas de selecionar as bactérias resistentes e ajudar na sua proliferação.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) emitiu comunicado em 2014, alertando sobre o grande crescimento de bactérias resistentes, e em 2018 o Órgão publicou dados sobre a discrepância do uso de antimicrobianos ao redor do mundo, em alguns países a utilização de antimicrobianos alerta, remédios com alto potencial para selecionar bactérias resistentes, chegou a 50% do consumo total de antibióticos. Esse problema apresenta gravidade, quando infecções comuns, como a pneumonia, se tornam resistentes ao tratamento com antibióticos.
Porém, o grande perigo é quando a bactéria hospitalar resistente entra em contato com o ambiente externo, disseminando para as demais bactérias um gene que auxilia na sobrevivência frente ao composto tóxico para elas. Essa resistência pode ocorrer por uma mutação natural ou por transferência horizontal de genes, sendo esse último o mais comum. Não é difícil ocorrer um processo onde uma bactéria doa um gene de resistência para outra, comumente por pequenos fragmentos de DNA circular que contém estes genes de resistência chamados de plasmídeos. Essa transferência pode ser feita por contato entre as bactérias, por fragmentos de genes liberados no meio ambiente ou por transdução viral.
É importante lembrar que todas essas transferências podem ocorrer no ambiente aberto ou fechado, como o corpo de um paciente, e o uso frequente e desregulado de antimicrobianos é o que modifica o meio para selecionar bactérias resistentes, aumentando a geração dessas bactérias.
Torna-se evidente, portanto, que o uso desses remédios deve ser regulado e feito com cuidado, a fim de evitar a geração de superbactérias, é também importante reforçar as boas práticas médicas, evitando a contaminação do meio ambiente com bactérias resistentes a antibióticos.
Referências:
The Antibiotic Resistance Crisis - C. Lee Ventola at al.
- https://extra.globo.com/noticias/saude-e-ciencia/mau-uso-de-antibiotico-um-perigo-para-saude-18087014.html
- https://guiadafarmacia.com.br/por-que-o-mau-uso-dos-antibioticos-e-uma-ameaca-para-a-saude-de-toda-a-populacao/
- https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/antibiotic-resistance
- https://www.sciencedaily.com/terms/antibiotic_resistance.htm
- https://guiadafarmacia.com.br/por-que-o-mau-uso-dos-antibioticos-e-uma-ameaca-para-a-saude-de-toda-a-populacao/