Por Pedro Sanjad. Aluno do curso de graduação em Ciências Biológicas Microbiologia e imunologia, 7º período. Matéria escrita na disciplina de extensão de integração acadêmica do Curso de Bacharelado em Ciências Biológicas: Divulgação Científica: para entender melhor o mundo. Creditação da extensão no Instituto de Microbiologia.
Eu sou capaz de apostar dinheiro que em algum momento da sua vida você já se fez as seguintes perguntas: Quem criou o universo? De onde surgiu a vida nessa sua infinidade de espécies diferentes? Será que estamos realmente sozinhos no Universo? Se evoluirmos e ficarmos conjecturando a respeito desses questionamentos existenciais, se escreveriam livros e mais livros formando uma grande enciclopédia que não levaria a lugar nenhum (o que é um certo paradoxo, já que as enciclopédias elas são, em essência, feitas para se obter informações concisas). Mas entre idas e vindas, as respostas para se entender melhor a complexidade do Universo e da vida como nós a conhecemos pode, ironicamente, não sair das gigantescas lentes dos telescópios nem das belíssimas imagens dos observatórios, mas sim de um debruçar sobre as lentes minúsculas de um microscópio.
Não estou desmerecendo o trabalho dos astrônomos nem dos físicos, afinal, todo conhecimento e toda a ciência se caracteriza por um só domínio. A Academia apenas os separa em áreas gerais por fins didáticos, até porque é de conhecimento público que é quase impossível apenas uma pessoa ser astrofísica, bióloga e artista plástica ao mesmo tempo. Mas acho que consigo explicar meu ponto de vista e o objetivo desse texto te fazendo uma pergunta: Você acredita em extraterrestres?
Se a resposta for não, provavelmente você já parou de ler esse texto há cinco linhas atrás, se sim, significa que você provavelmente tem algum interesse em investigações e questionamentos científicos. Quando se pensa na figura de um extraterrestre imediatamente surge a imagem de um alienígena hollywoodiano, totalmente estranho, amorfo, de outra coloração, muitas vezes ou nojento e assustador demais ou as vezes até fofinho. A vida inteligente em outros planetas até hoje permanece incomprovada, dado que é difícil de se achar, nas áreas conhecidas do universo, planetas que possuam as características básicas para se ter organismos complexos (leia-se: água líquida, luz e calor moderado de uma estrela, oxigênio, superfície rochosa, dentre outras). Mas e os microrganismos? Alguém se lembra deles na hora de se questionar se há vida em outros planetas? Por muitas vezes já foi demonstrado aqui mesmo, no planeta Terra, que os microrganismos podem sobreviver e colonizar os mais remotos e inóspitos lugares que há na nossa superfície.
Superfícies de vulcões com temperaturas desnecessariamente altas, lagos e desertos com altíssimas concentrações de sal, águas ácidas, geleiras e altíssimas profundidades oceânicas são algumas das várias localidades absurdas onde foram encontrados não só uma ou outra, mas milhares de espécies de microrganismos com características únicas, que permitem com que eles vivam nestes ambientes que, para nós humanos, seriam mortais.
Além de serem a prova de que a vida na Terra começou e vai perdurar por mais bilhões de anos antes e depois de nós, estes seres podem ser a prova de que literalmente qualquer planeta pode abrigar formas de vida, desde que haja material orgânico molecular para que ela possa surgir, como aminoácidos, ácidos graxos e monossacarídeos. Quando pensamos em planetas escaldantes como Vênus ou desertos congelados como Netuno, sabemos que lá não há animais e nem plantas, portanto podemos dormir sossegados sabendo que, dos nossos vizinhos solares, ninguém virá nos incomodar. Mas quando analisamos a vida no Universo pelas lentes de um microscópio, a vida extraterrestre pode estar do nosso lado, mas a gente, por enquanto, nem faz ideia.