600.000 mortes, não é simplesmente um número, uma cifra que entra para as estatísticas. Esse excesso de mortes revela da forma mais dolorosa os problemas estruturais graves de um país desigual, que fragilizam a saúde e o cuidado a saúde da maioria do povo, que ainda antes da pandemia, já morria em excesso pela falta das políticas públicas adequadas. Enfrentamos uma pandemia de uma doença infecciosa de alta transmissibilidade que só pudemos iniciar a conter e aliviar seu fardo com a ciência, ciência que possibilotou: a obtenção da vacina que evita as mortes; a existência dos testes diagnóstico que indicam a execução das medidas não farmacológicas controlando as transmissões; a obtenção dos dados que direcionam o manejo correto dos pacientes nos hospitais e ambulatoriais. As instituições públicas brasileiras de ensino e pesquisa com a atuação responsável, dedica e incansável de seus profissionais, respondeu a altura no enfrentamento desta pandemia e com sua atuação estão sendo fundamentais para o controle da pandemia. E justamente nesse momento, no qual a pandemia ainda não acabou, que mostra de forma contundente a necessidade do investimento nas ciências para a promoção da saúde, é neste momento que vemos perplexos o corte de mais de 90% na verba essencial para a continuidade da pesquisa científica no país. Terão sido em vão estás 600000 mortes?
A matéria mostra o valor da Biologia, da Microbiologia, do nosso Instituto e principalmente dos nossos alunos. O projeto é uma parceria do IMPG com a Prefeitura Universitária e a COMLURB.
Confira AQUI a matéria na íntegra.
Foi com imensa tristeza que recebemos ontem a notícia do falecimento da Profa Ivone Rocco Suassuna. Dra. Ivone trouxe grande contribuição ao desenvolvimento da Microbiologia Médica no Brasil, sobretudo na área de bactérias Gram-negativas e patógenos intestinais, pela sua atuação tanto em pesquisa quanto na formação de recursos humanos. Dona de um carisma peculiar e reconhecida por sua dedicação à família, Dra Ivone estendia sua atenção e carinho aos membros de sua equipe, procurando ajudar e aconselhar a todos. Muito do que é hoje o Departamento de Microbiologia Médica, certamente, é fruto do legado dos Professores que, como a Dra. Ivone, lá pesquisaram e ensinaram com dedicação e amor à nossa UFRJ e à Educação e Ciência brasileira. Ela foi responsável pela orientação de dezenas de profissionais que desenvolveram Dissertações e Teses em seu Laboratório, o qual possuía uma coleção de amostras bacterianas de inestimável valor científico e que figuravam nas principais listagens internacionais de coleções de cultura de enterobactérias. Quando situamos no tempo este feito (entre as décadas de 1950 a 1980), podemos avaliar a sua visão estratégica de futuro e da importância de se possuir uma coleção exaustivamente identificada com as metodologias disponíveis na época (caracterização fenotípica e sorológica). Além disso, as portas de seu laboratório estavam permanentemente abertas para todos que necessitavam de palavras de orientação, aconselhamento e estímulo. Mas sua contribuição não ficou restrita somente ao Instituto de Microbiologia. Depois de aposentada, Dra Ivone chefiou o Laboratório de Microbiologia do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho levando a uma verdadeira transformação daquele setor e, obviamente, a um manejo mais adequado e eficiente das doenças infecciosas naquele hospital, onde assumiu, a seguir, o cargo de Diretora Médica.
Dra Ivone também fez parte do grupo de microbiologistas pioneiros que desencadearam ações que levaram a criação da Sociedade Brasileira de Microbiologia, em 1956, mais uma evidência do quanto devemos a essa grande profissional que soube tão bem representar a participação das mulheres na microbiologia brasileira.
O Instituto de Microbiologia Paulo de Góes expressa a toda a família da Dra Ivone, através desta singela nota, o seu pesar, ressaltando ainda que seu exemplo e a sua inspiração sejam seguidos pelos membros mais novos da comunidade do IMPG, e especialmente do Departamento de Microbiologia Médica, favorecendo assim, cada vez mais, a construção de um ambiente profícuo e ao mesmo tempo humanizado e acolhedor.
