Por Ana Maria Nunes Botelho
Mascote da famíliaQuem não gosta de um animalzinho de estimação, um mascote amigo que lhe faça companhia em todos os momentos? Em muitos casos, os animais são considerados verdadeiros membros da família, recebendo tratamento digno de um ser humano qualquer (figura 1). Dados da Associação Nacional de Fabricantes de Produtos para Animais de Estimação (Anfalpet) apontam que no Brasil, o gasto médio mensal em cuidados com animais de estimação chega a R$350,00. Este dado reflete a importância que estes bichinhos possuem no cenário geral da família brasileira. E não é para menos. Nada como aquele olhar carente ao chegarmos em casa, aquele rabo abanando ao ouvir a nossa voz ou aquele aconchego no sofá quando nos sentamos para assistir televisão. No entanto, alguns animais podem ser portadores de micróbios frequentemente associados a infecções em seres humanos e alguns hábitos adotados pelos mais apegados a estes bichinhos podem ser responsáveis por esta transmissão.
Furúnculo causado por Staphylococcus aureusAinda de acordo com dados da Anfalpet, existem mais de 33 milhões de cães espalhados pelos lares brasileiros. Tão queridos e adorados por pessoas de todas as idades, no entanto alguns micróbios podem ser transmitidos por essas doces criaturas. Muitos cientistas já mostraram que grande parte da população canina é colonizada por uma bactéria chamada Staphylococcus aureus, ou seja, esta bactéria vive nas mucosas destes animais, sem lhes causar nenhuma doença. No entanto, eventualmente este micróbio pode ser transmitido para seus donos, causando infecções como impetigos, furúnculos e outras doenças de pele (Figura 2). Em alguns casos mais raros, estas infecções podem se espalhar, levando a quadro mais graves.
Figura 3: Carrapato, transmissor da BorrelioseEstes adoráveis animais podem ainda ser responsáveis por doenças transmitidas por carrapatos (Figura 3). Estes parasitas,
frequentemente encontrado em animais domésticos, podem causar uma série de doenças, dentre as quais podemos citar a Borreliose. Esta doença, também conhecida por Doença de Lyme, é causada pela bactéria Borrelia burgodorferi e os sintomas variam desde os mais leves, como os de uma gripe, podendo evoluir para quadros mais graves, com comprometimento das articulações, do coração e até neurológico.
Outros animais comumente encontrados compondo o cenário da família brasileira são os gatos. Do mesmo modo que os cães, gatos também podem ser reservatório de alguns micróbios que podem causar infecções nas pessoas que convivem com estes felinos. Uma dessas doenças é a toxoplasmose, que é provocada por um protozoário, o Toxoplasma gondii, que infeta os felinos que comem aves, ratos ou carne contaminada. Os gatos são os hospedeiros deste microrganismo e sua transmissão acontece através do contato com as fezes do animal. Em mulheres grávidas, os cuidados devem ser dobrados, já que esta doença pode por em risco a gestação.
Figura 4: Gânglios aumentados em função do desenvolvimento da doença da arranhadura do gato.Os gatos também são causadores de um quadro conhecido como doença da arranhadura do gato. Como o próprio nome já diz, esta doença está relacionada com arranhaduras ou mordidas dos felinos. É uma doença bacteriana causada pela Bartonella henselae, que afeta os gânglios linfáticos próximos à área arranhada ou mordida por um gato. Uma a duas semanas após a arranhadura ocorre inflamação no local, aumento dos gânglios próximos (Figura 4), febre e fraqueza. Em alguns casos pode haver febre persistente e complicações como inflamação no coração, na retina, no fígado e transtornos do sistema nervoso central.
Pequenos roedores, répteis e aves também são mascotes frequentes e estes bichinhos podem ser portadores de uma bactéria chamada Salmonella. A Salmonelose, causada por este micróbio, tem como sintomas a diarréia intensa, febre, cólicas intestinais e outros sintomas abdominais, podendo evoluir para desidratação, septicemia e meningite, muitas vezes se fazendo necessária a hospitalização.
Apesar de todos os perigos associados a esses animais, o carinho e o companheirismo que encontramos nesses bichinhos vale qualquer risco. Alguns cuidados, no entanto, podem ser tomados para diminuir os riscos de uma infecção (Figura 5). Evite contato direto com fezes, urina ou saliva dos animais. Mantenha-os sempre limpos e livres de parasitas como pulgas e carrapatos e diante de algum incidente como mordidas, picadas ou arranhões, limpe o local imediatamente. Com estas precauções, os riscos de aquisição de uma infecção através do seu animal de estimação diminuem bastante e assim fica mais fácil de amar e cuidar desses animaizinhos.
Figura 5: Alguns hábitos devem ser eliminados para diminuir o risco de contaminação cruzada
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