Por: Dr Laura Mª A. de Oliveira, pós-doutoranda do IMPG.
Estudo realizado pelo grupo de pesquisa coordenado pela prof Agnes Figueiredo do IMPG-UFRJ investigou cepas da bactéria multirresistente Staphylococcus aureus resistente à meticilina (MRSA) presentes em hospitais no Brasil para descobrir quais características dessa bactéria podem explicar a sua grande capacidade em causar infecções hospitalares. Staphylococcus aureus resistente à meticilina (MRSA) é uma bactéria que está envolvida tanto em infecções adquiridas pela população na comunidade (CA-MRSA) de forma geral quanto infecções adquiridas no ambiente hospitalar (HA-MRSA), as quais são mais graves (p. ex. bacteremias persistentes em indivíduos hospitalizados, pneumonias e infecções ósseas) e podem levar inclusive à morte do paciente em alguns casos. Nesse estudo, os pesquisadores descobriram que as bactérias S. aureus causadoras de infecção hospitalar (HA-MRSA) no Brasil evoluíram ao longo dos anos de forma a se tornarem muito eficazes em causar infecções graves em pacientes hospitalizados. Os pesquisadores utilizaram metodologias para estudar o genoma (DNA) das bactérias, a interação das bactérias com células do organismo humano e um modelo in vivo com nematódeos para entender quais as armas que essas bactérias possuem e utilizam durante o curso da infecção. Os pesquisadores descobriram que ao longo dos anos, bactérias S. aureus causadoras de infecção hospitalar (HA-MRSA) no Brasil perderam genes importantes para a toxicidade da bactéria e sua capacidade de causar danos no hospedeiro e adquiriram genes responsáveis pela produção de enzimas denominadas proteases que também contribuem para diminuir a toxicidade dessas bactérias nas células humanas. Inicialmente, esses resultados podem parecer contraditórios, mas os pesquisadores também observaram que a redução da toxicidade permitiu que as bactérias permanecessem viáveis por mais tempo nas células do organismo humano e, assim, protegidas da ação do sistema imune do hospedeiro. Tal fato é importante porque as bactérias podem persistir por mais tempo no hospedeiro e causar infecções recorrentes de difícil tratamento, como bacteremias persistentes. Assim, ao longo dos anos a aquisição de genes de resistência aos antimicrobianos pelas cepas de S. aureus hospitalares foi acompanhada pela perda de alguns genes responsáveis pela toxicidade da bactéria no hospedeiro, o que favoreceu a adaptação e persistência dessas bactérias no ambiente hospitalar como agentes de infecção em pacientes hospitalizados. Os resultados do estudo são importantes para a melhor compreensão das diferenças entre bactérias S. aureus multirresistentes que causam infecções hospitalares das que causam infecção na comunidade entre a população em geral e para o melhor entendimento da dinâmica dessas infecções.
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