Um artigo publicado na Nature demonstrou que o desenvolvimento de quadros mais graves da doença causada pelo novo coronavírus (COVID-19, do inglês Coronavirus Disease 2019) está associado, principalmente, a uma resposta imune inadequada e que é possível prever o desenvolvimento da doença através de marcadores imunológicos. A pesquisa coordenada pela pesquisadora Akiko Iwasaki da Universidade de Yale apresenta a Dr. Carolina Gonçalves de Oliveira Lucas como uma das principais autoras do trabalho. A Dr. Carolina fez toda a sua formação acadêmica no Instituto de Microbiologia Paulo de Góes/UFRJ. Ela é formada pelo curso de graduação em Ciências Biológicas: Microbiologia e Imunologia, desenvolveu sua dissertação de mestrado no Programa de Pós-Graduação em Ciências (Microbiologia) e sua tese doutorado no Programa Ciências (Imunologia e Inflamação), sempre sob a orientação da Profa. Luciana Barros de Arruda.
Neste estudo, os pesquisadores investigaram parâmetros imunológicos e clínicos de 113 pacientes, entre casos moderados (fora da UTI) e casos graves (na UTI), ao longo do período de 3 a 53 dias após o aparecimento de sintomas. Os resultados permitiram que os pacientes fossem divididos em grupos baseados no perfil da resposta imunológica. Nos primeiros dias, pacientes com doenças moderadas e severas apresentaram parâmetros imunológicos semelhantes. Contudo, a partir de um determinado tempo, cerca de dez dias após o aparecimento dos sintomas, os pacientes que desenvolveram uma doença moderada apresentaram maiores quantidades de moléculas envolvidas com proteção e reparo tecidual e as quantidades de diversas citocinas pró-inflamatórias começaram a diminuir. Por outro lado, pacientes que evoluíram para casos graves apresentaram redução nas quantidades dos fatores de proteção tecidual, manutenção de fatores pró-inflamatórios e o estabelecimento de novas correlações entre estes fatores e a progressão e severidade da doença. De fato, casos envolvendo distúrbios de coagulação e os óbitos registrados estavam majoritariamente associados a este segundo grupo. Os pacientes internados na UTI também foram divididos em grupos a partir do perfil das citocinas encontradas. Ou seja, dependendo das citocinas que estavam elevadas, a incidência de coagulopatias e mortes era maior.
De forma interessante, a carga viral sempre estava correlacionada com as quantidades de citocinas envolvidas com funções antivirais, independentemente da gravidade da doença. Além disso, muitas destas citocinas estavam elevadas no início da infecção. Isso sugere que a resposta inflamatória ocorre em resposta à quantidade de vírus, mas que as proteínas antivirais não são suficientes para controlar a infecção em alguns casos.
O conjunto de dados deste artigo sugere que é possível prever a progressão e gravidade da doença através de marcadores imunológicos precoces. Desta forma, estratégias terapêuticas poderiam ser traçadas com o objetivo de reduzir os efeitos deletérios de citocinas próinflamatórias ou promover a tolerância dos tecidos à inflamação.
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